Bolo envenenado: Justiça autoriza prorrogação de prisão de suspeita por mais um mês
30/01/2025
Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente desde 5 de janeiro por suspeita de quatro mortes por envenenamento por arsênio. Caso do bolo: polícia encontra assinatura de Deise no recibo
A Justiça autorizou, nesta quinta-feira (30), a prorrogação por mais 30 dias da prisão temporária de Deise Moura dos Anjos, presa por suspeita de envenenar quatro pessoas da família do marido com arsênio no RS. O pedido foi da Polícia Civil.
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Deise foi presa em 5 de janeiro, com prazo de 30 dias. A prorrogação vale a partir do dia 4 de fevereiro, quando essa ordem venceria. Segundo o delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, "a liberdade de Deise coloca em risco a obtenção das provas", e por isso a prorrogação foi solicitada.
O g1 entrou em contato com a defesa da suspeita a respeito da prorrogação, mas não obteve retorno até a mais recente atualização desta reportagem.
Ela é suspeita da morte de três mulheres que comeram um bolo envenenado com arsênio no Natal, e também pelo falecimento do sogro, ocorrido em setembro.
O inquérito do caso segue em andamento. Nesta semana, o chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, confirmou que Deise recebeu arsênio por correio. Dados que haviam sido solicitados aos Correios mostram a assinatura da suspeita no comprovante de entrega de uma encomenda de arsênio.
A investigação teve acesso ao recibo do pedido do veneno, feito pela internet, onde consta o nome da investigada como a receptora.
No início do mês, a polícia confirmou que Deise havia realizado consultas na internet buscando pelo veneno. O relatório inicial apontou ainda buscas feitas na internet por termos como "arsênio veneno", "arsênico veneno" e "veneno que mata humano". A partir disso, foram pedidos os dados aos Correios.
Bolo envenenado foi recolhido ao Instituto Geral de Perícias (IGP)
Divulgação/IGP
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Arquivo pessoal
Investigação
Zeli dos Anjos e o marido de Deise, Diego Silva dos Anjos, prestaram depoimentos como testemunhas no último dia 20, e não são tratados como suspeitos pela polícia.
Em nota divulgada no dia 10 de janeiro, a defesa da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente, alega que "as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso" e que "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação".
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Os envenenados
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não comeu o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
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Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada "choque pós-intoxicação alimentar".
A mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos, recebeu alta do hospital na sexta-feira (10). Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, ela foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. Uma criança de 10 anos, que também comeu o bolo, foi liberada na semana anterior.
Nota da defesa de Deise
Desta forma, já há contato com peritos criminais particulares para avaliação da documentação oficial e notícias veiculadas pelos meios midiáticos.
"A defesa da acusada Deise, representada pelo escritório Cassyus Pontes Advocacia, vem se manifestar no sentido de que houve acesso aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos.
Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas.
Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito.
Cassyus Pontes Advocacia"
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